Charola de Tomar vai ser recuperada
É um apoio único para uma obra única. A Cimpor investe 750 mil euros na recuperação da charola do convento de Cristo, em Tomar, o maior montante até hoje disponibilizado por uma empresa ao abrigo da lei do mecenato. O Ministério da Cultura agradece e lança o recado a outras empresas para que façam o mesmo.
O acordo foi firmado, no dia 19, junto ao espaço a ser intervencionado pelo IPPAR. O trabalho de conservação e restauro da charola, a “jóia da coroa do Convento”, deverá estar concluído em 2011 e está orçado em 1,5 milhão de euros, cabendo à cimenteira Cimpor 50%, sendo a restante parte proveniente de verbas do PIDDAC e do Feder.
A ministra da cultura classificou o protocolo entre o Estado e a Cimpor “um compromisso histó-rico” devido ao montante do “apoio mecenático inédito”. “É 1 gesto de grande generosidade, que reflecte o posicionamento cívico e social exemplar das empresas portuguesas. A defesa e conservação de um imóvel é uma tarefa morosa e muito exigente do ponto vista dos recursos e por isso o Estado não deve assumir a exclusividade. O património é de todos nós, uma das nossas maiores riquezas e cabenos zelar pela sua dinamização numa saudável conjugação de esforços. É o caminho que temos que percorrer no futuro”, referiu Isabel Pires de Lima, na ocasião.
Isabel Pires de Lima afirmou que o convento é um dos nossos projectos com “prioridade no âmbito do próximo Quadro Comunitário”, que disponibiliza, segundo a governante, verbas para animação de espaços culturais.
Ainda sobre o Convento, a ministra sublinhou ainda a negociação “exemplar” entre o IPPAR e a Cimpor que decidiu investir a maior verba de sempre na conservação e restauro do património português. Recorde-se que a multinacional cimenteira, que emprega seis mil pessoas em todo o mundo, já se tinha lançado no apoio mecenático há algum tempo. Deve-se à Cimpor o financiamento privado das obras de conservação do Mosteiro de Mafra, da Torre de Belém, do claustro do Mosteiro dos Jerónimos, das Igrejas de Madredeus e da Encarnação, do jardim do Palácio de Queluz, este último conta com uma comparticipação de 250 mil euros em 5 anos. A Cimpor conta já 2, 3 milhões de euros investidos na cultura portuguesa. Incluindo os 750 mil euros para o Convento de Cristo, que serão pagos em cinco tranches, e foram conside-rados “um apoio único para um projecto único”.
“O valor deste património justi-fica o nosso envolvimento. Contamos com a dedicação e rigor dos que venham a participar, para potenciar este monumento como uma referência perante portugueses e estrangeiros”, disse Ricardo Bayão Horta.
A jóia da coroa do convento
O Convento de Cristo é um conjunto monástico e monumental de referência obrigatória no panorama do património arquitectónico português, desde a fundação de Portugal (1160), recebendo o patrocínio do rei D. Afonso Henriques. Assumiu desde sempre um papel de relevo na história do país, nas descobertas marítimas, na arte, na arquitectura e na cultura portuguesa, tendo sido classificado como Monumento Nacional, em 1907, e como Património Mundial, pela UNESCO, em 1983;
A charola, primitiva igreja templária do castelo, data da fundação do Convento, construída no século XII, por iniciativa de D. Gualdim Pais, e teve como modelo a mesquita de Omar em Jerusalém, constituindo um exemplo da atitude dos templários, perante outras culturas e crenças, caracterizada pela busca do saber e assimilação dos conhecimentos de outras religiões, culturas e civilizações.
Considerado um “monumento ímpar na nossa herança patrimonial”, não apenas pela sua planta octogonal, mas também pelas campanhas artísticas que enriqueceram, ao longo dos séculos, o seu interior. Recorde-se que no século XVI, a charola transformou-se em capela-mor da igreja manuelina, simbolicamente limitada a poente pela janela do coro, invocada como símbolo dos Descobrimentos.
Para Jorge Custódio, director do Convento de Cristo, a assinatura do protocolo com a Cimpor “protagonizou o encerramento de uma fase imprescindível de conservação e restauro, sem a qual o património reintegrado não receberia a valorização e o significado que lhe fora transmitido na Idade de Ouro quinhentista. Ao encerrar, em 2011, o ciclo, iniciado em 1985, de descoberta e tratamento das superfícies murais desta Nova Jerusalém e, cumulativamente, com o restauro dos bens em contexto, que compõem o programa manuelino, o ministério da cultura, a Cimpor, o Ippar e o Convento de Cristo devolverão à herança cultural do país um tesouro artístico de transcendência universal”.
O responsável do Convento agradeceu especialmente à Cimpor “pelo alcance da decisão tomada e pela consciência exemplar de investimento”.
Jorge Custódio deixou ainda um recado à ministra da cultura: “O monumento precisa de modernizar-se para responder aos desafios que se avizinham, em termos de recursos humanos, científicos e tecnológicos.”, referiu, deixando em seguida outro recado, desta vez para o director do IPPAR. “O Convento de Cristo necessita em permanência de uma equipa técnica que estude, programe e projecte as respostas quanto à sua valorização, conservação preventiva e manutenção dos espaços interiores e exteriores, tudo de acordo com os desígnios da Carta de Cracóvia e do seu estatuto de Património Mundial”, concluiu.
De acordo com o protocolo, os trabalhos irão desenrolar-se entre 2007 e 2011, passando por estudos e investigações iniciais, seguindo-se a conservação e restauro de pinturas murais e estuques do deambulatório exterior (até 1009) e a conservação e restauro das pinturas murais e estuques do tambor central (2009-2010). A partir de 2010, terão início os trabalhos de conservação e restauro no arco triunfal e intra-dorso, bem como de outras pinturas, esculturas e talhas. Serão pos-teriormente executados o projecto de iluminação do interior da charola e os planos de protecção e manutenção da charola.
Paiva quer Mata dos Sete Montes
A Mata dos Sete Montes apresenta sinais acentuados de degradação. De acordo com o presente da Câmara de Tomar o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) não possui dinheiro para cuidar do espaço, permitindo o crescimento de vegetação rasteira e a morte de algumas espécies seculares. António Paiva mostrou-se preocupado, alertou a ministra para a situação e reafirmou a abertura da autarquia em assumir a gestão da mata, que fazia parte do conjunto monumental do convento.
“Trata-se da mata do Convento e sentimos que deve constituir a principal ligação do Convento à cidade de Tomar”, disse Paiva.
Em 1837, a mata foi vendida a um nobre e os seus bens foram depois adquiridos no século XX pelo Estado, através de uma venda em hasta pública. Mas em vez de a colocar à guarda da tutela da Cultura, o Estado integrou-a no Serviço Nacional de Parques, Reservas e Conservação da Natureza, constituindo-se como património natural classificado.
A ministra da cultura revelou que existem conversações “em ritmo acelerado” com o Ministério do Ambiente para ceder a tutela daquele espaço à Câmara local.
Com a entrega do espaço à autarquia, a ministra espera dar um exemplo da abertura da administração central à cooperação com os agentes locais, até porque sem eles “não é possível garantir a vida dos monumentos”.
in: Regiões
2 thoughts on “Charola de Tomar vai ser recuperada”
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February 9, 2007 at 10:30 pm
SALUDOS FRATERNALES DESDE BARCELONA. AMIGOS EN LO TEMPLARIO. PROFUNDAMENTE EMOCIONADO, POR LA RECUPERACION -FISICA- DE LA “CHAROLA” Y MUY PROFUNDAMENTE EMOCIONADO, POR LO VIVIDO EN TOMAR. SU PAZ, SU GRANDEZA Y SU ESPIRITUALIDAD. EL ESPIRITU TEMPLARIO SIGUE VIVO, QUE CUNDA EL EJEMPLO Y SE VALORES MAS LOS RESTOS TEMPLARIOS. UN PASADO GLORIOSO Y DIGNO DE LA HISTORIA. “”EL TIEMPO DA Y QUITA RAZONES…”” MUY FRAERNALMENTE, J.L. TRILLO Comendador. “TEMPLARIUM HISPANIAE”. “”N ON nOBIS…””
February 1, 2010 at 6:54 am
GOSTEI MUITO DESTA NOTÍCIA. PARABÉNS A TODO O PORUGAL.MARIA INÊS.